Autor: Ailton Elisiario de Sousa
OLHOS DE ÂMBAR
Os olhos são as janelas da alma e o espelho do mundo, disse o artista renascentista Leonardo da Vinci. Por eles vemos as maravilhas do universo, sentimos incontáveis sensações, vivemos mais intensamente a vida. Por serem maravilhosos, eles são de diversas cores: pretos, castanhos, verdes, azuis, cinzas. Os olhos do meu amor, porém, são de uma cor diferente, pois eles têm a cor do âmbar.
O âmbar é uma seiva fóssil amarelada proveniente de um pinheiro que existiu há 50 milhões de anos. Nela se acham fragmentos de flores, folhas, sementes, penas e insetos que ficaram presos quando a resina escorria pela árvore. Assim petrificado, o âmbar também chamado pedra de seiva é usado com fins decorativos, curativos e sob a forma de talismãs e amuletos. Sua cor muda segundo o grau de sua transparência, indo do amarelo claro ao castanho escuro nos graus transparentes e brancos, verdes, azuis e pretos nos graus opacos.
Sua origem é do mar báltico, onde na Lituânia é tida como a lágrima de ouro das árvores. Lá existe uma lenda de um trágico amor entre a deusa Juraté e o marinheiro Kastytis. Diz a lenda que tendo o deus Perkunas descoberto que um mortal havia tocado a deusa do Báltico, furioso enviou raios para destruir no fundo do mar o palácio de âmbar de Juraté e afundou o barco do marinheiro Kastytis. Desde então, grandes pedaços de âmbar vem à tona nos mares bálticos, que são as lágrimas de Juraté por seu amor destruído. Já os ciganos dizem que se fixarmos o olhar numa pedra de âmbar em direção à lua cheia, veremos o rosto do futuro amor.
Poeticamente, as matizes dos olhos ressaltam os sentimentos predominantes. Assim, diz a canção do artista lusitano Francisco José que olhos pretos são queixume; olhos verdes são traição; olhos azuis são ciúme e olhos castanhos são lealdade. Os olhos de âmbar do meu amor são, pois, a mim leais. Mais que isto, são os olhos dourados que cicatrizam as dores da minha alma.
Os olhos do meu amor, como o âmbar, mudam de cor. Eles têm tonalidades que denunciam seu estado de espírito. Quando amarelo-esverdeados denotam racionalidade; quando acaramelados, paz; quando castanhos escuros, dor; quando castanhos claros, alegria; quando amarelados, paixão. Mas, não importam as matizes que eles assumam, seu olhar é sempre brilhante, profundo, plácido e penetrante. Aponta sinceridade, transmite equilíbrio, desperta a kundaline, sustenta o amor.
Hoje é dia de seu aniversário. Não poderia falar-lhe do meu amor tão significativamente, se não falasse dos seus olhos ambarinos. Porque eles traduzem para mim a intensidade do amor que nos une, porque eles estimulam a nossa felicidade. Como o âmbar que vem da resina da árvore fossilizada, meu amor por meu amor é orgânico, vindo da árvore sentimental que plantamos. Ao olhar para o sol seus olhos se renovam nos raios dourados da pedra inspiradora, fazendo-me neles me perder e me encontrar. Tal qual o jovem amante embevecido pelo olhar de âmbar de sua amada, parabenizo você, Socorro, minha menina dos olhos dourados.
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Perfil do Autor
Brasileiro, professor, advogado, Presidente da Academia de Letras de Campina Grande.